A Rede Vital para o Brasil, rede nacional de informação, diálogo e cooperação acerca dos animais peçonhentos, com o apoio da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), uniu esforços para realizar o Encontro Nacional Vital para o Brasil sobre Animais Peçonhentos – Da Tradição à Inovação. O evento acontecerá em Belo Horizonte/MG, no Museu de Ciências Naturais PUC Minas, nos dias 3, 4 e 5 de dezembro de 2025.

 

Os animais peçonhentos vêm sendo estudados por cientistas há mais de cem anos no Brasil. Eles despertam não apenas curiosidade ou medo na população, mas também grande interesse por parte de pesquisadores de todo o mundo. Além de desempenharem um papel fundamental nos ecossistemas, os animais peçonhentos e suas toxinas são fontes valiosas de substâncias ainda pouco conhecidas. Desde o início do século XX, o Brasil tem se destacado internacionalmente nesse campo, conquistando reconhecimento nos círculos científicos. Os venenos produzidos por esses animais oferecem possibilidades promissoras para o desenvolvimento de novos medicamentos e tratamentos para várias doenças.

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Em 2010, a OMS incluiu os acidentes com serpentes no rol de doenças negligenciadas, as quais constituem um grupo de doenças associadas à pobreza e que proliferam em ambientes precários. No mesmo ano, a Academia Brasileira de Ciências estendeu o conceito de doença negligenciada aos acidentes com animais peçonhentos. Esses acidentes estão incluídos na Lista de Agravos de Notificação Compulsória, significando que devem ser registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação-SINAM. ​A partir das análises desses dados, a vigilância epidemiológica é capaz de identificar o quantitativo de soros antivenenos a serem distribuídos no Brasil, determinar pontos estratégicos de vigilância e elaborar estratégias de controle.

 

Desde o início dos trabalhos sobre animais peçonhentos no Brasil, havia uma preocupação com a realização de atividades de divulgação científica, denominadas como Campanhas Antiofídicas por Vital Brazil, as quais permitiram a difusão do conhecimento relacionado às serpentes e a ampliação do conhecimento sobre diversidade e distribuição de espécies causadoras de acidentes. A coleta de espécimes para extração de venenos e produção dos soros antipeçonhentos, além do desenvolvimento da primeira ficha de notificação de acidente por animal peçonhento, foram atividades implantadas por Vital Brazil e perduram até os dias atuais. Em Minas Gerais, em 1918, foi implantado o primeiro Posto Antiofídico brasileiro, na atual Fundação Ezequiel Dias, o qual tinha como atribuição a remessa de venenos e espécimes de serpentes para o Instituto Butantã, que em contrapartida remetia para a Fundação Ezequiel Dias ampolas de soros para tratamento de acidentados.

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Nas últimas décadas, os acidentes com animais peçonhentos têm crescido exponencialmente no país. Nos anos 1990, a média desses acidentes ficava em torno de 32.000 e os colocava em 5º lugar no ranking dos agravos de notificação. Entre os anos de 2000 a 2006, esta média passou para 70.082, colocando esses acidentes em 3º lugar, atrás apenas da Dengue e da Tuberculose. A partir da década de 2010, esta média passou para 103.129 e, desde então, lamentavelmente, os acidentes com animais peçonhentos ocupam o 2º lugar no quadro epidemiológico brasileiro.

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O objetivo principal deste encontro é promover a aproximação de instituições e pesquisadores com estudiosos de diferentes estados brasileiros, a fim de estimular a cooperação em questões fundamentais acerca dos envenenamentos por animais. Sobretudo, ele pretende incentivar atividades conjuntas em prol da informação e do melhor servir a todas as comunidades que vivem em risco de acidentes com animais peçonhentos.

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Serão três dias de palestras e mesas-redondas com a participação de profissionais referência nos temas abordados, pesquisadores, representantes de diversas instituições acadêmicas e dos institutos produtores de soros antipeçonhentos do país. Espera-se, em especial, que durante o encontro, ocorram reflexões conjuntas sobre as diferentes realidades acerca dos animais peçonhentos dentro do panorama nacional de forma a colaborar para a solução dos desafios que permeiam o tema.

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Participem dessa valiosa interlocução entre instituições e pesquisadores em torno das bases teóricas, práticas e perspectivas futuras dos saberes acerca dos animais peçonhentos e seus venenos.

 

Aproveitem a programação!